quinta-feira, 29 de março de 2012

Direção e falta de paciência

Todos os dias vimos várias matérias e reportagens que tratam sobre a situação do trânsito em todo o Brasil. A maioria remete aos casos de violência. O que eu vou escrever aqui não é uma opinião colaborativa a atitudes de falta de controle que culminam em crimes dos mais variados tipos. É apenas uma reflexão em relação ao que vivemos todos os dias nas ruas do Brasil.

Bem, eu moro em São Luís, capital do Maranhão. Uma cidade relativamente pequena, mas com mais de um milhão de habitantes. A cidade cresceu rápido, mas os investimentos em infraestrutura não acompanharam esse crescimento. Na cidade, muita gente - mas muita gente mesmo! - tem carro e as avenidas, ruas e vias, não foram e nem estão sendo preparadas para este grande contingente de motoristas. Resultado: engarrafamentos e mais engarrafamentos, a maioria causado por nada! Creia se quiser!

Mas como pode? Simples, aqui na minha cidade as pessoas não sabem dirigir! Simples assim. Porque dirigir não é só ligar o carro e sair por aí fazendo o que te ensinaram na auto escola. Né não, gente! É muito mais que isso. Perpassa por responsabilidade, cuidado e paciência. Coisas que a maioria de nós não temos. Sim, digo nós, porque eu me enquadro no grupo de pessoas que são altamente impacientes no trânsito. Mas ao mesmo tempo eu não acho que eu deva ser crucificada por conta disso. Devo não, e vou explicar porquê.

Meu itinerário diariamente tem em torno de uns 12 km. Saio da minha casa e vou para o Centro da cidade, onde trabalho. Para chegar lá, pego a avenida de maior movimento da cidade, a Jerônimo de Albuquerque, que mesmo sendo a maior, tem apenas 2 faixas de trânsito. Neste caminho, passo pelas mais diversas situações em que se eu não pensar rápido ou não tiver o mínimo de controle da direção, pode terminar em um acidente de trânsito. Exemplos: pessoas que vão entrar em vias à direita (aqui tem aos montes) e não sinalizam (acontece o tempo todo). Eu não tenho a obrigação de saber que você vai virar à direita. E se por algum acaso eu bater em um cidadão que faz isso, o discurso é "quem bate atrás, sempre tem culpa". Ah tá, vai nessa!

Outro caso: o cidadão vai mudar de faixa e não sinaliza e nem se quer checa se tem algum carro ou moto vindo. Simplesmente vai! Você que vem tranquilo na sua faixa, que freie e se vire para não bater na criatura. E se for carro grande como esses 4X4, ônibus ou caminhão, aí mesmo que eles não estão nem aí. Jogam o carro para cima de você com tudo. A questão é que em uma via de grande circulação como esta que estou falando, as pessoas andam com velocidade de 60km/h e em alguns casos até um pouco mais que isso. Para piorar, como a avenida tem apenas duas faixas, os carros andam muito próximos, e com essas situações abruptas, torna-se quase inevitável você evitar uma batida.

Falar dos motoqueiros e ciclistas - ou bicicleteiros, como diria uma amiga minha - então, dá pano para manga. Eu costumo dizer que motoqueiros são pessoas que não tem amor às suas vidas. Eles andam feito loucos, não respeitam sinalização, não respeitam você e se por acaso acontecer alguma coisa a culpa sempre vai ser sua. Aqui na cidade também tem muita moto e todo dia tem acidente com motoqueiros. Eles cortam os carros como se estivessem fugindo da polícia, sem contar que andam em altíssima velocidade e, em vez de frear, eles buzinam. Gente, buzina não é freio! Buzina não pára carro! E aí, quando o pior acontece, eles sempre se fazem de coitadinhos. Ah, e eles sempre andam em bandos, né?! Podem nem ser amigos, mas se um cai, aparece um monte para ajudar a culpar o motorista. Digo isso porque já fui batida por um motoqueiro e fiquei impressionada como em segundos apareceram tantos motoqueiros ao meu redor! Eles te olham como se você fosse um criminoso, como se tivesse matado alguém. Querem nem saber de quem é a culpa...

Já os ciclistas acham que as regras de trânsito não cabem a eles. Você já viu um ciclista parando no sinal vermelho? Ou parando para entrar em uma via? Não.... eles vão de vez. Você que tem que sair freando feito louco para não passar por cima deles!

Claro, gente que existem casos e casos. Não se pode generalizar. Há pessoas que dirigem seus veículos com responsabilidade sim. Mas por conta da maioria que dirige mal e com irresponsabilidade, fica-se com a ideia generalizada de que todo motoqueiro, motorista de ônibus, ciclista dirigem mal.

Agora diante de uma realidade como essa, em que percorrer um caminho acaba se tornando uma prova de resistência, eu pergunto: é fácil manter-se paciente? Não, não é! Mas é preciso! É preciso ter paciência e calma para não se sair xingando as pessoas o tempo todo. É preciso ter paciência para não começar uma briga em um caso de acidente em que o culpado se nega a aceitar a culpa. Enfim, é preciso respirar fundo e não deixar a peteca cair. Porque se ela cair, meu amigo, você, motivado pelo stress do momento, pode fazer uma loucura irreversível. Outro dia, estava em uma oficina, e o mecânico me contava estarrecido o caso de um senhor, cliente dele,  pai de família, evangélico, mas pavio curto. Houve uma batida em que ele se envolveu e segundo as testemunhas ele não tinha culpa no caso. O culpado aceitou fazer um acordo com ele e como estava tudo aparentemente resolvido, as testemunhas do acidente foram embora. Quando os familiares do culpado chegaram ao local, o mesmo se fez de vítima, arranjou a maior confusão e mandou chamar a polícia. O senhor, pai de família, que não tinha culpa alguma na história perdeu o controle e começou uma briga. No meio da confusão, ele acabou matando o homem que tinha batido no seu carro. Aí o mecânico me perguntava: tu já imaginou um senhor, que estava sempre sorrindo, sempre animado... que ele podia matar alguém? E eu me pus a pensar em outros casos como esse que acontecem diariamente pelo Brasil, imaginando se quem conheceu pessoas que mataram em discussões no trânsito, também ficavam se indagando a mesma coisa. E pensei também, nas vezes que passei por situações muito tensas no trânsito, em que senti muita raiva do motorista ao lado ou na minha frente. E se eu descesse do carro? E se começasse uma briga? Eu iria agredi-lo(a) fisicamente? Claro que eu digo que não! Mas, sinceramente, acho que movido por raiva, o ser humano é capaz de qualquer coisa. E mas que chegar a tal constatação, é ter a consciência de que o melhor a se fazer em casos de situações críticas no trânsito, se não aconteceu nada, engula sua raiva e sua vontade de matar o outro e a agradeça a Deus por não ter acontecido; se aconteceu, entrega a resolução do problema na mão de quem é pago para fazer isso: a perícia da Secretaria de Trânsito.

Eu faria assim! E você?

Um comentário:

  1. Concordo contigo e assino em baixo!
    Fiquei imaginando toda a situação, rs.
    Uma ótima sexta-feira pra vc.
    Bjus

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